Sobre Nós

A PAJE

Muitas das crianças que viveram longos períodos em instituições de acolhimento são vítimas prematuras das famílias e/ou da sociedade. Quando atingem a idade adulta, muitos saem dos lares onde cresceram sem qualquer apoio. É comum encontrarmos comprometimento cognitivo e competências sociais frágeis, entre outras adversidades que dificultam as transições para a autonomização.

Sob a égide do Instituto de Psicologia Cognitiva e Desenvolvimento Humano e Social – Universidade de Coimbra, surgiu a Plataforma de Apoio a Jovens (Ex)acolhidos, que visa promover a inclusão social e laboral de jovens adultos, proporcionando apoio em situações do quotidiano e mais contínuas/profundas, com a ajuda de uma equipa multidisciplinar, concorrendo para um contexto securizante, tão necessário para quem já sofreu abandonos.

A Plataforma PAJE – Apoio a Jovens (Ex)acolhidos propõe-se prestar igualmente apoio (psicológico, jurídico, aconselhamento/counselling, etc.) de forma informal, colocando os conhecimentos e experiência de profissionais voluntários, ao serviço de quem não foi bafejado pela sorte, numa fase precoce da vida.

MENSAGEM DO PRESIDENTE

“Enquanto mentor e presidente da direção da Plataforma PAJE, congratulo-me por ter reunido uma equipa valiosa capaz de colocar em marcha um projeto que pretende ir muito além da vertente assistencialista. Resultando da vontade e iniciativa de um conjunto de pessoas com preocupações humanistas, ambiciona criar condições para alterar o paradigma de jovens que anualmente saem aos milhares do sistema de acolhimento em Portugal. O arranque deste projeto não seria possível sem a colaboração de parcerias estratégicas e dos voluntários, pelo que para todos fica uma palavra de profunda gratidão.”

João Pedro Gaspar
Presidente da Direção

HISTÓRIA

Ao manter um contacto permanente durante mais de quinze anos com crianças e jovens afastados do seio familiar natural e a viverem em instituições, foi muito fácil tomar consciência que os adultos com quem eles mais privavam eram os seus modelos. Quem almeja contribuir para a educação e formação das crianças pretende, acima de tudo, dotá-los de conhecimentos e valores que os acompanhem para sempre e sejam uma mais-valia na sua vida futura. Mas transmitir conhecimentos é muito mais fácil que transmitir valores, pois esses só vivenciando no quotidiano são compreendidos e imitados.

Foi dessa necessidade de criar laços fortes e duradouros com os jovens e crianças, em contextos informais, que nasceu o “Projeto Cativar”, implementado durante anos com as crianças e jovens de um Lar de Infância e Juventude. Com este projeto pretendia-se fazer um convite às pessoas para que cada vez mais se humanizassem, cativassem e se compreendessem. Foi extremamente gratificante sentir que as crianças e jovens finalmente tinham a noção de pertencer a um grupo securizante, onde se promovia cada vez mais os laços de confiança, amizade, generosidade e responsabilidade.

Temendo pouca preocupação institucional com as transições e com o processo de autonomização, e pretendendo compreender melhor o que falhava neste processo, foi desenvolvido um trabalho de investigação que culminou numa tese de Doutoramento apresentada à Universidade de Coimbra “Os desafios da autonomização: Estudo compreensivo dos processos de transição para diferentes contextos de vida, na perspectiva de adultos e jovens adultos ex-institucionalizados”. As conclusões mais inquietantes do estudo passaram pela impreparação de cuidadores, a reduzida instrução para a autonomização e a carência de suporte após a saída do acolhimento.

Assim, e dada a duração temporal no contacto próximo com jovens “cativados”, partilhando angústias e soluções para os vários constrangimentos, aumentou a vontade de encontrar apoios para todos aqueles que foram vítimas precoces da sociedade. Os crescentes pedidos de ajuda e a incapacidade de dar resposta a todos de forma sistemática aumentaram a necessidade de criar uma rede institucional de apoio – neste contexto… nasceu a “PAJE”.